quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os mercados de amanhã

C. K. Prahalad¹

Para aqueles que trabalham para desenvolver os mercados de amanhã, a pobreza aparente do “planeta urbano” esconde uma realidade menos visível. Esteja localizada em São Paulo, na Cidade do México ou na indiana Mumbai, qualquer favela é um centro econômico dinâmico. As pessoas que vivem lá possuem as mesmas aspirações que a classe média urbana ligada em marcas. Elas formam o mercado de amanhã para televisores, telefones celulares, produtos farmacêuticos e videogames.


Essas pessoas também são empresárias. Por exemplo, em Dharavi, uma das maiores favelas da Índia, fabricantes locais produzem artigos de couro, jóias de ouro, alimentos embalados e artigos médicos. Há pequenas lojas administradas por um ou duas pessoas e fábricas que empregam entre 50 e 100 pessoas.


Infelizmente, esses centros econômicos emergentes e vibrantes, de consumidores e produtores, tendem a existir no que se chama setor informal, fora da lei. Esses termos são usados muitas vezes para negar sua importância, mas eles indicam simplesmente que o setor não é parte da economia formal do país. É importante que os governos reconheçam esses pólos de atividade econômica e os ajudem a se integrar à economia formal.


As grandes empresas podem contribuir para esse processo. Por exemplo, os bancos podem ao mesmo tempo dobrar sua base de clientes e aprender a como oferecer serviços financeiros de primeira classe com baixos custos. Para as empresas de atuação mundial, é a oportunidade de “fazer o bem fazendo o bem”.


Por conta dos efeitos negativos do processo de urbanização – congestionamento, poluição, favelização e criminalidade -, os críticos dizem que essa é uma tendência que deve ser interrompida. No entanto, com uma parceria criativa entre as iniciativas privada e pública, pode-se chegar a uma nova abordagem para erradicar a pobreza por meio de inovações sociais e de negócios.


¹C. K. Prahalad é professor da Ross School of Business, da University of Michigan, e autor de A Riqueza na Base da Pirâmide (ed. Bookman).

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