terça-feira, 3 de novembro de 2009

A importância de educar o consumidor.


Há uma infinidade de empresas que ofertam outra infinidade de produtos/serviços. Entretanto, são poucas as que educam os seus consumidores antes, durante e depois da decisão de compra. Em primeiro lugar, e isso é ordem precípua para toda organização, deve-se conhecer o mercado: nichos e segmentos; para então observar e entender as necessidades e desejos que motivam clientes/consumidores.

Apresento um exemplo prático. Sou assessora administrativa de uma pequena indústria de produtos para saúde, que fabrica determinado produto para limpeza de instrumentais cirúrgicos e endoscópios, previsto pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Antes de entrarmos para o mercado, um concorrente direto dominava o segmento; cujo posicionamento é essecialmente pela qualidade de produto e preço elevado, enquanto outros fabricantes brigam apenas por preço baixo.

Compara-se a marca deste concorrente com o sabão Omo, pois ainda hoje, consumidores que compravam o produto ‘X’, entendem que todo detergente à base de enzimas é da marca ‘X’. Neste caso, a reeducação do cliente é um dos principais desafios dos concorrentes diretos e indiretos. Para tanto, percebeu-se que mostrar a qualidade, ou o preço, já não eram suficientes para os consumidores – entende-se como a Comissão de Materiais e Esterilização, na qual presidem enfermeiras chefes.

Como o nosso objetivo era ganhar os principais clientes do concorrente “X”, iniciamos um processo de educação do cliente, que vai desde os testes com o produto até palestras que compreendem todo o entendimento sobre enzimas, princípio ativo do produto; bem como a sua importância/concentração para a eficaz limpeza dos instrumentais. Essa atividade faz uma grande diferença na hora da decisão de compra, levando ainda em consideração o custo/benefício do nosso produto em relação aos demais. Hoje, concorremos diretamente com o “X”, no entanto oferecemos mais por menos, devido a uma reestrutura na produção e o poder de barganha do departamento de compra frente aos fornecedores. Tendo em vista que o produto do concorrente é importado, totalmente produzido no exterior e distribuído no Brasil.

Sabe-se como é difícil fazer com que uma dona de casa use um produto “Y”, após ter utilizado por um longo período de tempo o “X”, no entanto uma boa fatia de mercado foi devidamente reeducada a experimentar a marca “Y”, possibilitando comparar custos/benefícios. Mesmo que a reputação do “X” permaneça por longo tempo.

Depois de muito trabalho conseguimos ganhar grandes clientes (hospitais) que hoje são consumidores fiéis a nossa marca. O processo de reeducação que não para por aqui, ainda tem muito trabalho pela frente, realizado pelo setor comercial e técnico. No entanto, todo o trabalho de conquista deve permanecer periodicamente com o pós-venda: controlando o estoque para não deixar o consumidor sem produto, acompanhar a devida utilização do produto para que não haja desperdício e prezar pela saúde das enfermeiras em relação ao manuseio do detergente. Apesar de o produto ser 100% biodegradável e não iônico, os profissionais que o manuseiam podem ser sensíveis a alguma substância química presente do enzimático.

A descrição desta história foi apenas uma ilustração sobre a necessidade de educar, e se necessário reeducar o consumidor; proporcionando inúmeras possibilidades e argumentos para a tomada de decisão, com o intuito de mantê-lo fiel. Não basta ofertar um produto se não vier com serviços agregados, bem como gerar inúmeros serviços sem que haja uma boa relação e comunicação com o comprador, essa metodologia gera confiabilidade e aderência da marca.

O sistema 8P's.





Alexandro Bernhardt, professor e PhD, entende que 4 P’s de marketing já não são mais suficientes para entender o mercado. Neste contexto, o referido professor concorda com Francisco Madia, que em seu livro Introdução ao Marketing de 6ª Geração, explana que durante 25 anos as matrizes convencionais do marketing, proposto por Jerome McCarthy em 1960, consideraram apenas os 4P’s. Atualmente, aos quatro determinantes de marketing foi agregado mais quatro, processo que possibilitou evolução e amadurecimento dos quatro primeiros.

O sistema 8P’s é tido na atualidade como o mais moderno e completo, passando a ser denominado pelos profissionais de marketing como as ferramentas mercadológicas, ou mix de marketing, ou composto de marketing (MADIA). Bernhardt afirma que é preciso desenvolver e planejar o sistema, com cuidado e atenção para a elaboração do Planejamento Estratégico de Markrting.

São eles:

Produto (Product)
Refere-se ao desenvolvimento do composto do produto, ou seja, todas as características que envolvem o produto a ser comercializado no mercado, levando em consideração as boas condições do produto, opções de modelos e design, utilização.

Preço (Price)
Refere-se ao valor cobrado por um produto ou serviço disponível no mercado. A formulação de um preço deve considerar três fatores: o custo, a concorrência e o consumidor, não podendo estar muito acima, nem muito abaixo dos preços praticados no mercado.

Distribuição (Place)
Refere-se às atividades de logística do produto, ou seja, todas as ações de responsabilidade do trajeto do produto da saída da linha de produção até a chegada ao consumidor final. A distribuição leva o produto certo ao lugar certo, por meio dos canais de distribuição adequados.

Promoção (Promotion)
Refere-se às estratégias de comunicação do produto no mercado, mais conhecida como composto de comunicação, pois uma empresa administra um complexo de comunicação integrada de marketing: propaganda, publicidade, venda pessoal, merchandising, promoção de vendas, promoção de eventos e relações públicas.
Fornecedores (Providery)
Refere-se ao relacionamento estreito que a empresa deve ter com seus fornecedores, de forma a garantir a qualidade do produto final, informações de tecnologias e avanços da área, além de agilidade na entrega e preços competitivos.

Pessoas (People)
Refere-se ao relacionamento que a empresa deve ter com os diversos públicos com os quais mantém alguma comunicação, os quais participam direta ou indiretamente com o resultado final da comercialização do produto. São as atividades de endomarketing e marketing integrado, geralmente de responsabilidade do relações públicas, pois está voltado para o lado institucional da empresa.

Proteção (Protection)
Refere-se à consciência sobre questões legais, não só de marca e produto, como proteção ambiental e outras questões sociais que impactam na imagem da empresa.

Pós-venda (Post Place)
Refere-se à preocupação da empresa no acompanhamento do comportamento do consumidor após a compra. A responsabilidade da empresa com o cliente começa a partir do momento que ele toma a decisão de compra do produto.

De alguma forma estamos em comunicação direta com os novos “P’s”, no entanto não a ponto de considerarmos importante na confecção do Planejamento Estratégico de Marketing. Dessa forma, é possível observarmos o quão imperativo é abordar o composto de marketing com pensamento sistêmico, para que vejamos a floresta ao invés de vermos apenas as árvores.